O Brasil está cheio de gente indignada. Nunca antes na
história desse país tivemos tanta gente aborrecida com o estado das coisas e
com as coisas do estado. As pessoas estão indignadas com o atendimento nas
filas, sejam elas quais forem, elas estão com raiva do caixa que demora a
passar os itens da compra do mês, mas já percebi que as pessoas também estão
indignadas com o cliente que leva muitas faturas para pagar na “ boca do
caixa”.
As pessoas estão aborrecidas com a demora do ônibus, e
quando entram ficam aborrecidas com a lotação do ônibus, mas há quem fica
indignado com a “lerdeza” do motorista, ou mesmo com o engarrafamento
repetitivo.
Caso eu comece a escrever sobre o atendimento médico,
certamente me faltarão dedos para descrever tanta indignação. E tem ainda a
indignação dos médicos!
Passando pela política então...Nossa... É muita indignação!
Não somos representados pelos representantes, somos
violentados em direitos e a única coisa que podemos afirmar é que nossos direitos
tem prazo de validade, nada é simples para nós. A CORRUPÇÃO está alastrada em
todo canto e não sabemos nem a quem recorrer, pois os que deveriam nos
defender, fazem “ vistas grossas”!
Estamos todos indignados!
E isso é uma realidade que vejo por todo lado.
Eu pergunto: O que
fazer com essa indignação?
Sim. Porque não é possível que a gente cultive úlceras de
tanta raiva que nos dá em ver as coisas como estão!
O que se espera de um povo indignado?
Estou refletindo muito sobre isso. Descobrindo qual é a
minha parte nessa desordem da qual eu reclamo. Penso que todos podem encontrar
seus lugares na vida, e cada um pode descobrir aonde sua voz é realmente
ouvida.
Deveríamos nos organizar de maneira a ouvir opiniões
diferentes, participar de conselhos, ir às reuniões dos filhos na escola, ler
um livro e compreender as coisas de uma maneira mais aprofundada.
Deveríamos reclamar de verdade, a quem de direito, e se não
formos ouvidos deveríamos nos levantar como um povo.
Mas nós não temos sido um povo. Temos sido apenas a indig-
Nação.
Temos sido habitantes de tribos rivais. E o pior,
aparentemente, de tribos inimigas.
Eu estou profundamente indignado, e ando a procura de
ferramentas com as quais eu possa ser parte da mudança que tanto espero. Já
descobri que meu papel nesse mundo é trazer esperança para as pessoas, ajudar
amigos a fazerem as pazes, sorrir incansavelmente e chorar quantas vezes forem
necessárias. Quero dar pão a quem tem fome e lembrar, a quem tem mais pão do
que precisa, que o milagre do amor começa no compartilhar. Queria fazer mais
pelos doentes, mas confesso que não tenho muitas respostas a essa pergunta.
Quero ouvir pessoas chatas e carentes e dar-lhes um pouco de uma amizade
desinteressada. Quero ser um pai melhor para os meus filhos. Quero cantar nos
momentos em que pessoas estão com a garganta presa por tanta angústia e
sofrimento.
Estou indignado, mas tentando descobrir como mudar o “ meu
mundo”. Só a indignação não vai resolver a nossa crise do ser. É preciso mais
que sentir isso, se faz necessário descobrir o que cada um de nós pode fazer.
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