segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ESPIRITUALIDADE ENGAJADA – Ricardo Agreste


Atitudes

ESPIRITUALIDADE ENGAJADA – Ricardo Agreste



Diante de um cenário assim, duas são as grandes tendências dos cristãos no contexto brasileiro. A primeira é caracterizada pela omissão.

Para os que fazem tal opção, a Igreja não deve se envolver com política, ou mesmo falar sobre ela. Nessa ótica, o papel dos cristãos é trabalhar arduamente para a “salvação das almas”, uma vez que tudo que vemos e ouvimos acerca da política é fruto dos últimos dias anunciados por Jesus – além disso, o próprio Cristo disse que seus filhos não são deste mundo.

A segunda tendência, é norteada por uma postura utilitarista. Para os que fazem esta opção, eleições são o momento ideal para se obter vantagens junto àqueles que desejam o poder político.
Assim, os crentes oferecem os votos que os políticos desejam para, mais tarde, receber daquele candidato eleito benefícios como concessões de rádio ou TV, terrenos públicos para a construção de novos templos ou até mesmo cessão de ônibus gratuitos para transporte do povo a algum congresso ou culto comemorativo.

O que cristãos envolvidos por tais tendências não se dão conta é de que ambas nos conduzem ao pecado. Enquanto a primeira nos conduz ao pecado da omissão, a segunda nos leva à cumplicidade com o erro. Como consequência destes pecados, verbas destinadas a legítimos gastos públicos – como saúde e educação – ou à infraestrutura que beneficiará todos os cidadãos jamais chegará ao destino certo.

Mas há uma terceira via, a da espiritualidade engajada, aquela que leva os crentes a ter os olhos fixos na eternidade e os pés firmados na história. O texto bíblico revela muitos exemplos de gente que seguiu este caminho, trazendo benefícios não só a si mesmos, mas principalmente à comunidade em que viviam. Pessoas que, no cenário da administração pública, optaram por viver em integridade, servindo à sua geração e fazendo diferença na história. Gente como José no Egito, Daniel na Babilônia ou Neemias na Pérsia. Paralelamente a estes, encontramos também os profetas, que se levantaram para cobrar de reis e governantes a justiça e a paz desejadas por Deus para o seu povo.

Em séculos mais recentes, esta mesma espiritualidade engajada moveu cristãos piedosos. O que dizer de John Wesley e sua luta pelos direitos dos trabalhadores nas indústrias inglesas do século 18? E de William Wilberforce e seu engajamento na luta pela abolição da escravatura? George Muller (1805 – 1898) e seu cuidado de mais de dez mil crianças em orfanatos na cidade inglesa de Bristol, e Abraham Kuyper (1837 – 1920), com sua atuação como pastor, jornalista, professor e político na Holanda são outros exemplos, assim como Madre Tereza de Calcutá (1910 – 1997) e seu incansável serviço aos miseráveis da Índia – ou “os mais pobres entre os pobres”, como dizia a religiosa.

Muitas são as formas através das quais os servos de Deus podem desenvolver uma espiritualidade engajada. Primeiramente, incluindo os grandes temas de nossa nação em nossas orações, pedindo ao Senhor que derrame uma crescente consciência de justiça e paz na mente daqueles que lideram nosso país. Podemos também incluir os valores de uma cidadania responsável como expressão de nosso amor a Deus e de nosso engajamento em sua missão no mundo. Cristãos dedicados na construção de um mundo melhor, seja na dimensão socioeconômica, seja na dimensão ecológica, estão engajados na agenda do Reino e na expressão do amor ao seu Rei.

O envolvimento consciente com a realidade política de nossa nação é também uma forma de expressarmos uma espiritualidade engajada. Alguns serão desafiados para, a exemplo de Daniel ou de José, trabalharem dentro do Estado. Outros, à semelhança dos profetas bíblicos, serão levantados para cobrar atitudes daqueles que têm em suas mãos o poder. Contudo, a maneira como votamos também expressa quão engajada é nossa espiritualidade. Ouvir o que dizem e como agem os candidatos, verificando quais apresentam compromissos mais afinados com os valores do Reino de Deus, também são expressões dessa espiritualidade.

Fonte : Cristianismo Hoje

Oração a Deus – Voltaire

Voltaire nasceu em Paris em 21 de novembro de 1694. Seu nome era François-Marie Arouet, só mais tarde adotou Voltaire. Seu legado está ligado à poesia, à literatura, mas principalmente, ao esforço de mostrar que a intolerância religiosa é perniciosa, maligna. Milhares morriam na fogueira, nos garrotes, nas forcas, nas galés imundas e ele não se conformava. Para Voltaire tais assassinatos não tinham outro transfundo senão o fanatismo. No esforço de defender as convicções do ataque daqueles que eram considerados hereges, padres, pastores, príncipes, não hesitavam em condenar ao suplício. E isso era indigno.
No final de sua obra, Tratado sobre a Tolerância, Voltaire incluiu uma prece.
Embora séculos já tenham passado, ela continua atual.
Vale repeti-la como uma oração nossa.
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Oração a Deus
Voltaire

Não é mais aos homens que me dirijo, é a Ti, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos. Se é permitido a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do Universo, ousar Te pedir alguma coisa, a Ti que tudo criaste, a Ti cujos decretos são imutáveis e eternos, digna-Te olhar com piedade os erros decorrentes de nossa natureza. Que esses erros não venham a ser nossas calamidades. Não nos destes um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos.

Faz com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida difícil e passageira; que as pequenas diferenças entre as roupas que cobrem nossos corpos diminutos, entre nossas linguagens insuficientes, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas, entre nossas opiniões insensatas, entre nossas condições tão desproporcionadas a nossos olhos e tão iguais diante de Ti; que todas essas pequenas nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de ódio e perseguição; que os que ascendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar suportem os que se contentam com a luz do Teu sol; que os que cobrem suas vestes com linho branco para dizer que devemos Te amar não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto de lã negra.

Que seja igual Te adorar num jargão formado de uma antiga língua, ou num jargão mais novo; que aqueles cuja roupa é tinjida de vermelho ou de violeta, que dominam sobre uma pequena porção de um montículo de lama deste mundo e que possuem alguns fragmentos arredondados de certo metal usufruam sem orgulho o que chamam de grandeza e riqueza, e que os outros não os invejem, pois Sabes que não há nessas vaidades nem o que invejar, nem do que se orgulhar.

Possam todos os homens lembrar-se de que são irmãos! Que abominem a tirania exercida sobre as almas, assim como execram o banditismo que toma pela força o fruto do trabalho e da indústria pacífica! Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos odiemos, não nos dilaceremos uns aos outros em tempo de paz e empreguemos o instante de nossa existência para abençoar igualmente em mil línguas diversas, do Sião à Califórnia, Tua bondade que nos deu esse instante.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A equação das relações

Se eu pudesse entender tudo..
falar de tudo...
pensar em tudo...
Esse não seria eu...

Eu sou o que penso em alguma coisa,
falo de alguma coisa..
Sou incompleto.

Nem quero ser completo em mim..
Quero me completar nas minhas relações,
no amor... e não se ama no singular.

Eu to fazendo o meu caminho
não dá pra dizer que cheguei
mas dá pra dizer o que deixei...

Quero conviver com os diferentes completantes.
Gente capaz de encaixar comigo uma história!

Não quero formatar os meus relacionantes,
Quero eles pensando da maneira como não pensei..
Sentindo um pouco diferente...
A gente pode se afinar!

Relações pra mim se parecem com um violão:
Seis cordas diferentes...
afinações diferentes...
mas juntas...
formam um acorde..

Por isso não quero ser completo.
Por isso não quero que pessoas sejam iguais a mim.
Minhas relações precisam ser como acordes...
Diferentes, mas formando algo juntos...